Publicado por: ivanlantyer | maio 18, 2011

O desamor, o desapego, a desfamília

Estava lendo nesse fim de semana o livro Estorvo de Chico Buarque. Não é um livro qualquer, definitivamente, mas quando entramos na atmosfera do personagem pegamos a mensagem do escritor.
CB quer nos mostrar a fragilidade das famílias na atualidade e a realidade de violência e criminalidade de grande parte das ciadades brasileiras. A fragilidade das famílias molda a narrativa: O personagem principal perdeu o seu pai quando jovem e sua mãe aparentemente não lhe deu muita atenção, porque ele sequer sente vontade de ligar para ela – e quando liga e ela não atende, inventa mil desculpas para ela não ter atendido. Isso nos leva à segunda relação do livro que é entre o personagem e sua irmã: Ele rouba a irmã! Seja por necessidade ou não, isso seria inadmissível em uma família equílibrada.
Mas não pára por aí. Há ainda dois espelhos desse estorvo famíliar: Os filhos! O nosso personagem principal se envolveu com uma antropologa, e conviveu com ela durante quase cinco anos, e teriam um bebê, não fosse a insegurança dele. A falta de amor e de atenção que ele teve durante a vida fê-lo sentir uma imensa insegurança de criar essa criança, o que levou sua mulher a um aborto – o que, por sua vez, levou a uma separação. Há outra criança na história: A sobrinha do personagem principal; filha da irmã dele. A menina é criada em um espaço familiar de pais ricos, onde a mãe sai para se distrair e o pai para resolver negócios. Quem cria essa criança? Essa pergunta fica em aberto, mas o que fica claro é o problema mental dela – posto que joga em sua própria cabeça um prato de Ravioli de pois do tio ter rejeitado o prato.
Que crianças estamos criando na sociedade sem pais de verdade?
Ivan Lantyer Neto


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